-
Arquitetos: Naf Architect & Design
- Área: 297 m²
- Ano: 2020
-
Fotografias:Toshiyuki Yano, Tetsuya Ito
Descrição enviada pela equipe de projeto. Esta casa apresenta um pátio de aproximadamente 32 m², cercado por altas paredes que cobrem três pavimentos, com algumas aberturas nelas. O pátio proporciona continuidade visual aos cômodos a partir de janelas de vidro, de modo que a família consegue sentir a presença um do outro.
No pátio, árvores altas que acompanham a altura das paredes circundantes, formam uma composição paisagística junto de outras mais baixas e arbustos. Quatro correntes se penduram da cobertura e auxiliam na coleta da água da chuva, que é utilizada para irrigação do jardim. Uma grande mesa, bancos para 10 pessoas, e churrasqueira com cozinha compõem o pavimento térreo, onde a luz natural ilumina o pátio e reflete nos vidros das janelas, criando sombras e formas de luz.
O pátio é externo, mas as escadas e a estrutura apresentam as mesmas cores que o interior da casa. As cores se repetem enquanto as aberturas são maximizadas, para criar a impressão de um limite delicado entre o que está dentro e o que está fora, o que dá ao pátio funcionalidade na rotina.
A casa está localizada em um terreno de lote quadrado de 200 m² na área residencial de Meguro, um bairro rico em Tokyo, no Japão. Rodeados de grandes casas com dois ou três pavimentos, os clientes já tinham em mente a vontade de uma casa com pátio desde o princípio. Quando o terreno é pequeno, ou muito irregular, inserir pátios no projeto pode ser desafiador, mas neste caso as condições do terreno eram promissoras.
Os clientes, uma família composta por um casal de nacionalidades estrangeira e três filhos que passaram boa parte de seu tempo fora do Japão, tinham padrões espaciais muito diferentes, maiores, daqueles usuais no Japão, principalmente por suas experiências de vida fora dali. Os arquitetos faziam encontros em sua residência alugada, onde seus móveis se encaixavam de forma desconfortável, dando a impressão de que o lugar era muito pequeno para seu estilo de vida.
Esses objetos se acumularam a partir da vivência em outros países, e foram somados à demanda por uma cozinha espaçosa para o casal cozinhar junto, uma sala com lareira, um quarto de hóspedes para os pais se hospedarem, uma área livre para aulas de ioga com os amigos, uma biblioteca, um espaço de jardim, e uma churrasqueira espaçosa e bem equipada, todas demandas que precisavam ser combinadas em um projeto, mas que exigiam certa grandeza incompatível com os padrões japoneses. Ao mesmo tempo, os custos da obra precisavam seguir estritamente o orçamento.
A resposta se deu a partir de uma casa de três pavimentos que se inicia em formato de uma rosquinha, onde no meio estaria o pátio aberto. Devido às demandas, era imprescindível dar ao pátio uma função. O projeto foi sendo preenchido com cômodos de programas específicos, exceto no pórtico na entrada do térreo e as sacadas no primeiro e segundo pavimentos. Esses espaços abertos e vazios transformaram a rosquinha em um edifício em formato de C. Esses vazios em cada andar foram colocados na fachada do edifício, e fechados com venezianas de madeira. O acesso ao pátio é feito pela via frontal, e os andares superiores são conectados ao exterior por venezianas de madeira.
A fachada recua 2,5 m em relação à rua, proporcionando um espaço aberto por não haver vedação. Normalmente, quando a fachada frontal fica ao norte, o projeto da casa tende a se desenvolver ao extremo norte, para dar lugar a um jardim do lado sul, não deixando recuo. Este projeto, por outro lado, tem um jardim no centro do edifício, não necessitando de jardim no sul, e também atendendo às demandas do cliente que havia solicitado certa distância da rua.
Algum tempo depois que a família se mudou para a casa, eles entraram em contato com os arquitetos e afirmaram seu plano de convidar suas famílias e amigos para um encontro. Essa seria a ocasião para dar o primeiro passo e gradualmente estabelecer relações com a comunidade a partir do pátio.